#OFF-STAGE # 13 - 10 Anos de Caos Organizado
Se pensavam que a vida nos bastidores da BANTUMEN era só glamour e festas, desenganem-se!
Bem-vindos a mais uma edição da newsletter semanal OFF-STAGE, o vosso refúgio onde as peripécias dos bastidores da BANTUMEN são contadas com uma dose generosa de ironia e sarcasmo – uma espécie de muro das lamentações, mas com mais piada. Por enquanto, o OFF-STAGE é gratuito, mas se a vossa generosidade vos picar, podem sempre colaborar e apoiar este conteúdo e o seu humilde criador. Em troca, prometo usar a minha (modesta) influência para vos dar acesso privilegiado aos eventos mais exclusivos da BANTUMEN e a histórias que, garantidamente, só aqui vão encontrar.
Este episódio está fraco, mas final chegou e, com ele, a derradeira celebração dos 10 anos da BANTUMEN. Foram cinco festas/concertos memoráveis, espalhados por sete meses, que nos levaram a percorrer os cinco países de língua portuguesa no continente africano. Uma verdadeira odisseia de celebração da nossa revista digital!
No último sábado, 12 de julho, o palco foi de São Tomé e Príncipe, com atuações de Valete, Pekagboom, Ag Flyzer, Jedy Blindado, Eidji P, Killa Z, Família Forte, Dj Ninja, Kedy e Lucas Pina. Foi um concerto bonito, emocionante, tal como todos os outros. O que falhou? Aquilo que sempre falha: a afluência. Vendemos uns míseros 35 bilhetes online e mais uns 50 à porta, com os convidados. No total, umas noventa e poucas almas numa casa que, convenhamos, tem capacidade para 300. Mas isto não é surpresa para ninguém, a BANTUMEN é exímia a contar histórias, não a organizar eventos pagos. É a nossa sina, ou talvez a nossa maldição, quem sabe?
Para mim, pessoalmente, num ano em que choveu dinheiro dos fundos europeus e de outras instituições para celebrar os 50 anos das independências, e nós, que organizámos cinco eventos em Portugal/Lisboa para celebrar cinco países que tiveram as suas independências comemoradas em solo luso, não termos feito sequer uma candidatura para abocanhar um terço destes dinheiros todos… ou é muita burrice, ou muita desorganização da nossa parte. Ou então, pode ser um pouco de bom senso, que é a principal máxima na BANTUMEN. Afinal, só de festivais em Portugal que comemoraram os 50 anos de Cabo Verde, tivemos palcos em Lisboa, Porto, Algarve! Foi uma festa onde todos brindaram e foram buscar os seus euros, menos nós. É a vida, não é?
Confesso que tenho um orgulho do caralho em nós, na minha equipa e, principalmente, na Vanessa, que organiza tudo isto da sua mesa de trabalho. E, apesar de ser eu a dar a cara nos eventos, é ela quem está no cockpit há mais de 3700 dias. Sim, leram bem: mais de 3700 dias a pilotar esta nave!
Elogios à minha chefe feitos, agora vamos para o próximo nível. Será que nós, descendentes de pessoas escravizadas, temos na cara escrito ‘desorganizados’? Ou será que os Amarelos (ou asiáticos/orientais), Vermelhos (indígenas americanos), Melanésios (povos do Pacífico) também o são? Fica a questão no ar…
Pessoas, não sei se é da camada artística, mas, sem especificar, é muito difícil lidar com eles. Acredito que, por terem o dom de nos encantar com o seu talento, temos de aturar uma falsa organização, com manias e exigências que, sinceramente, já me fizeram questionar o porquê de ter de levar com esta merda. Não são todos, mas isto é como tudo: a percentagem acima, mesmo que seja de 51%, equivale a todos eles. Não sei dizer como foi com o evento de Cabo Verde com o Rahiz, porque este foi a Vanessa que fez, mas todos os outros… ai, meu Deus, ainda bem que chegou ao fim!
A verdade é que as celebrações à volta dos 10 anos estão encerradas. Agora, vem a época mais difícil do ano: a preparação do Mês da Identidade Africana (MIA) e a maior de todas as galas organizadas por nós, os BET Awards, o TIME 100 da Lusofonia, ou melhor, a POWERLIST100 da BANTUMEN. Já temos data, espaço e alguns bons patrocinadores. Nos próximos seis meses, as minhas histórias vão estar por trás dos bastidores, à volta destes dois eventos, com os principais intervenientes (organização, designers, produção, negociação para patrocínio e muitas ideias tolas que tornaram isto possível).
Nas próximas semanas, não sei bem o que vos trarei, vamos ver o que a semana ou as lembranças antigas nos dão. Boa semana a todos! Subscrevam a newsletter e, se quiserem, podem pagar 5 euros por mês. Estamos juntos