OFF-STAGE #21: Voltei da pausa espiritual com histórias, ironia e um iPhone 16e
Meus caros e pacientes leitores,
Sei o que estão a pensar. “O Pipocas desapareceu de novo!” E têm toda a razão. Já lá vão umas quatro semanas, desde aquele longínquo 22 de setembro, que este vosso humilde narrador se ausentou. E sim, está a tornar-se um hábito, este meu vaivém, este aparecer e desaparecer como um fantasma na ópera, sempre com uma desculpa de “aconteceu assado ou cozido...”. Mas, desta vez, juro pela minha coleção de vinis raros, é verdade! Estamos numa rotação de mil à hora com a PowerList 2025 e, francamente, entre a correria e a minha eterna vontade de mandar todos para o ouro lado (com o devido respeito, claro), o tempo para a vossa querida newsletter ficou... bem, em segundo plano. Peço desculpa. Ou não. Depende do meu humor e da quantidade de cafeína que já ingeri hoje.
Mas chega de lamúrias e de auto-comiseração! Vamos focar neste episódio, porque estou cheio de novidades que vos vão fazer esquecer a minha (breve) ausência. Preparem-se, porque temos um iPhone 16e novinho em folha para oferecer, um patrocinador principal de peso para a PowerList e, cereja no topo do bolo, estou em África novamente! Sim, este vosso aventureiro favorito não pára quieto. Mas não se preocupem, que as histórias que trago de Luanda valem bem a pena a espera. E, quem sabe, até vos arranco um sorriso sarcástico ou dois.
Nem sei por onde começar, mas como sou um gajo organizado (à minha maneira, claro), vamos pelo iPhone 16e. Há quase 5 anos que digo à minha sócia, a Vanessa, que temos de dar um grande brinde a quem nos segue. Mas um grande brinde está sempre associado a um grande custo, e, na nossa sequência de eventos, ter dinheiro nunca foi o nosso forte. Também não dá para reclamar muito, porque a BANTUMEN já se sustenta, o que, convenhamos, é um milagre em si mesmo.
Então, lá investimos num novíssimo iPhone 16e, a gama mais barata da Apple, cerca de 629 euros, comprados no Amazon Prime Day. A ideia é simples, mas diabólica: trocar a possibilidade de ganhar um iPhone em troca do teu email, subscrição no canal de YouTube e nas contas de Instagram da BANTUMEN. Sim, meus amigos, não há almoços grátis, mas há iPhones quase grátis! As regras são estas, e não vale a pena fazer birra.
A ideia é a seguinte, e preparem-se porque é genial (modéstia à parte, claro). A Vanessa e eu, depois de muitas noites a sonhar com números de subscritores no YouTube que nos fariam chorar de alegria, decidimos que era altura de dar um empurrãozinho ao destino. E o que é que grita “atenção” mais do que um iPhone novinho em folha? Nada, eu sei. Por isso, lá investimos num iPhone 16e (sim, a versão “e” porque somos realistas, não milionários, mas é um iPhone, caramba!), comprado no Amazon Prime Day, porque somos espertos e gostamos de um bom desconto.
A lógica é simples, quase infantil, mas eficaz: tu ajudas-nos a crescer, nós damos-te a oportunidade de ganhar um brinquedo caro.
Não é um bicho de sete cabeças, mas também não é magia negra. Isto tem regras, como tudo na vida (e eu até gosto de regras, quando me dá jeito). Portanto, se queres habilitar-te a este pedaço de tecnologia que te vai fazer sentir o rei da aldeia - sim, um iPhone, daqueles que até a tua avó sabe usar para ver o TikTok, há umas coisinhas básicas a fazer. Pensa nisto como um ritual de iniciação para o clube dos que ainda acreditam que a sorte existe.
Primeiro, tens de subscrever o nosso canal do YouTube. É simples: vais ao site, escreves “youtube.com/@bantumen” e carregas naquele botão vermelho que diz “Subscrever”. Não dói, não te cobra nada e ainda te dá a ilusão de que fazes parte de algo importante.
Depois, segues-nos no Instagram. Não um, mas quatro perfis - porque somos ambiciosos e gostamos de multiplicar trabalho. Vais procurar por @bantu_men, @agendabantumen, @marcasporescever e @bantu_men100. Segues todos, respiras fundo e pensas: “Pronto, já dei o meu contributo para o crescimento da humanidade.”
Segue-se a newsletter. Vais aqui e deixas lá o teu email, com a confirmação do tipo de newsletter que gostarias de receber da BANTUMEN. Assim ficas a receber as nossas divagações, entrevistas, artigos de opinião, dramas e uns textos que até dão jeito para fingires que és uma pessoa informada nas conversas de café.
Agora, o grande momento: o formulário. É uma espécie de confissão pública, mas digital. Vais preencher com o teu nome completo, o mesmo email da newsletter (para não haver confusões), o teu username do Instagram, e vais anexar uma prova de que realmente subscreveste o canal do YouTube - um print, sim, como os adolescentes fazem quando querem provar que alguém os seguiu de volta. Ah, e tens de aceitar os termos do sorteio, porque isto é coisa séria, não é a raspadinha do café.
O formulário vai estar alojado num desses serviços com nomes pomposos, tipo Typeform ou Google Forms, e ligado ao Mailchimp, que é o sítio onde guardamos os vossos emails para vos chatear com elegância. Tecnologia ao serviço da eficiência, ou da preguiça, depende de como olhares para isso.
E como qualquer coisa organizada (ou mais ou menos), há datas: o início do sorteio é a 1 de novembro de 2025, fecha a 31 de dezembro de 2025, e o vencedor será anunciado a 7 de janeiro de 2026. Tudo em direto, no YouTube e Instagram da BANTUMEN, para ninguém dizer que houve marosca. Assim os invejosos podem ver, em tempo real, alguém a ganhar aquilo que eles queriam.
O sorteio será aleatório, via plataforma certificada (nada de cunhas, prometo!). A nossa equipa (sim, somos detetives nas horas vagas) vai validar tudo. O prémio vai para a morada do vencedor, independentemente do seu país de residência. Uma participação por pessoa (não sejam gananciosos!). E sim, o mundo é a nossa aldeia, por isso, podem participar de qualquer canto. Se o CBO (Chief Brand Officer) da BANTUMEN (o senhor Wilds Gomes, não o hambúrguer, já agora) disser que as regras são adaptáveis, então são. E o iPhone está comprado. Se alguém tiver uma ideia bem melhor que a nossa para atingir os nossos objetivos, por favor, que nos ajude a atingir os nossos objetivos. Partilhem nos comentários ou enviem um email. Não somos orgulhosos, só um bocadinho teimosos.
Sobre África, meus amigos, andamos a namorar já há algum tempo a possibilidade de levarmos algumas das nossas iniciativas para fora de Lisboa. No ano passado, tivemos a oportunidade de levar pela primeira vez a exposição colaborativa Caleidoscópio para o Porto, nos espaços do Parque Tecnológico da Universidade do Porto (UPTEC), em parceria com um banco francês, a Natixis, e com curadoria da Afrikanizm Art & Ivanova Araújo. Essa exposição aconteceu no âmbito do Mês da Identidade Africana (MIA). Foi um sucesso, claro! Porque tudo o que tocamos vira ouro (ou, pelo menos, algo que brilha).
Se eu fosse um gajo ligado a Deus, diria que “Deus é grande”. Mas como sou um gajo ligado à Vanessa, vou dizer esta: “Esta mulher é grande!”. E porquê? Porque estamos neste momento em Angola, que já foi conhecida noutros tempos como a capital do “Dia do Homem” (sim, eu sei, que ironia!), a fazer a vernissage em Luanda da exposição de “As Camadas da Alma”. Numa colaboração única entre a nossa plataforma e o The Creative Hub, apoiado pela Fundação CIPRO, esta exposição baseia-se numa viagem sensorial de pensamento e memória, revelada através da arte da serigrafia. É profundo, é artístico, é quase demais para a minha cabeça, mas é a Vanessa quem manda.
Que vai acontecer no dia 24, às 17h30, na Galeria Plano B (Marginal de Luanda, tecnicamente, o cartão postal da capital, para os mais desorientados), esta exposição promete um encontro profundo com o processo artístico em foco. Cada camada de serigrafia é semelhante a uma revelação da alma, entre memórias em estado de transformação. A exposição apresenta dez peças meticulosamente elaboradas, guiando os visitantes através das etapas intrincadas e simbólicas da serigrafia; desde a conceção inicial da imagem até à obra final. Este projeto é um testemunho da rica colaboração entre o renomado artista Angolano Aladino Jasse e os artistas do coletivo Creative Hub: Vernon de Castro e Edson Bernardo (Moçambicano).
E, como não podia deixar de ser, em um painel moderado pela BANTUMEN e com a participação de Hioroshi Yamamoto (engenheiro têxtil da TEXTANG), promoveremos um diálogo enriquecedor sobre LEGADO, destacando não apenas a técnica da serigrafia mas também as práticas culturais e industriais que moldam o nosso mundo. É cultura, é arte, é BANTUMEN a fazer acontecer, como sempre.
Depois de chatear todos (e deixar a minha história maior e compensar pelas duas semanas que não consegui escrever nada), passo para o capítulo de como foi chegar a Luanda... E preparem-se, porque a vida real é sempre mais interessante que a ficção.
Não posso reclamar do calor, que já começa dentro do avião e o calor de Lisboa anda bem pior. E o que me tira do sério na minha terra, maioritariamente, são as pessoas. Infelizmente, ainda aterrei no velho aeroporto 4 de Fevereiro, que já deveria estar fechado e a ser usado como plantação de cana de açúcar. Portas do avião abertas, eu sentei no lugar 10E, na minha cabine depois da zona da primeira classe. Passei o voo todo a ouvir taças de champanhe a brindar com música Blues, a cortina não me deixou ver, só ouvir o som das taças e de Gary Clark Jr. a tocar. Logo, não sei se é a minha imaginação do que é a primeira classe ou se é mesmo real. Eu fui servido com esparguete com queijo e tenho quase a certeza de que as pessoas da primeira classe estavam a comer Linguini com Camarão, porque aquele cheiro eu conheço. A vida é injusta, meus amigos.
Vamos regressar à vida real. Saímos do avião, subimos para o autocarro, prontos para seguir a fila para passarmos pela imigração. Uma fila de 100 pessoas, entre elas umas tantas pessoas brancas. E bem à minha frente, estava uma família que falava francês e espanhol: um senhor de meia-idade (46 a 50 anos), uma mulher com relativamente a mesma idade e duas filhas (taçvez 15 e 9 anos). De repente, surge um “pai” - nome fofinho com que chamamos todos os senhores com mais de 30 anos em Angola -, abre a cancela e diz ao senhor de meia-idade: “Por favor, entra aqui.” Eu olhei a família a entrar, acreditei que era para todos, e quando ia na minha vez, o pai diz: “Você não.” Eu, incrédulo, a imaginar o que aconteceu naqueles 5 segundos que pareceram 5 minutos, vejo o senhor fechar a cancela, dar as costas e ir embora. Fiquei ali, com cara de parvo, a processar a situação.
Escolhi acreditar que o senhor era um alto responsável do governo argelino e que tinha prioridade. Segui o meu caminho e encontrámo-nos na recolha de malas, que foi uma eternidade. Prontamente, só tinha uma pessoa a fazer todo o trabalho. E lá estava eu e a família do alto responsável do governo argelino à espera das malas. Lembrei-me do quanto as pessoas negras, seja em Angola, África ou no resto do mundo, amam pessoas brancas. E não é síndrome nenhuma, é amor! Eu, provavelmente, é que ando ressabiado com o meu antigo sogro do meu tempo da faculdade, que pensava que todos os negros deveriam tratá-los como seres iguais a nós, não como deuses que não podem esperar na fila. Enfim, a vida continua, e o sarcasmo também.
Estou em Luanda, hospedado a 30 quilómetros do centro da cidade, na residência do Cipro Group em Viana. E a agenda está cheia! Tenho entrevistas para dar ao Jornal Expansão, Jornal de Angola e ainda vou ao podcast do Tiago Costa. Isto tudo esta segunda-feira. Na terça, é a conferência de imprensa no Museu da Antropologia e uma série de comemorações em alusão aos 10 anos da Bantumen. Podem ver todos os eventos na agenda cultural da Bantumen. Não digam que não vos avisei!
Já estava a escrever os créditos finais e a dizer que no próximo episódio traria o resto das histórias que ainda não vivi (mas vou viver em Luanda até ao dia 25), mas lembrei-me que no início eu falei que a PowerList 100 BANTUMEN de 2025 é “powered by” Auchan. Sim, meus amigos, fechámos o Auchan! E está fechado desde o dia 2 de dezembro de 2024. Não sei explicar o que isto significa para nós, mas explica que é um grupo francês de distribuição fundado em 1961, especializado no retalho alimentar e não alimentar através de hipermercados, supermercados e lojas de conveniência. Com sede em Croix, no norte de França, integra o grupo Elo, que reúne também serviços financeiros e imobiliários.
Uma empresa que atua em cerca de 12 países, sobretudo na Europa e em África, incluindo França, Portugal, Espanha, Polónia, Roménia, Senegal e Costa do Marfim. E, pasmem-se, tem um compromisso firme com a diversidade, equidade e inclusão, promovendo um ambiente de trabalho onde todas as pessoas são valorizadas independentemente do género, origem, idade, orientação sexual, deficiência ou crenças. A empresa vê a diversidade como um motor de inovação e desempenho, procurando refletir a pluralidade da sociedade na sua equipa e garantir igualdade de oportunidades em todas as fases do percurso profissional. Essa visão alinha-se com os valores da BANTUMEN, que também defende a representatividade, a valorização das identidades plurais e a inclusão como pilares centrais da sua atuação, promovendo narrativas que celebram a diversidade cultural e combatem estereótipos. É quase poético, não é?
São 10 anos a trabalhar para valorizar as diversas culturas dos PALOP e as suas diásporas. Ninguém da equipa já atuou como “token”, como testa de ferro ou laranja para vender uma diversidade com liderança branca. Então, para nós, é um orgulho estarmos à frente destas negociações. Ainda estamos longe de sacar 481 mil euros ao Estado, mas estamos quase nos 10% deste valor - a empresas privadas, curiosamente francesas (se calhar, por isso é que a comunidade negra francófona está a anos luz da nossa, em todas as áreas) -, e sem chatear ninguém da comunidade (acredito, eu). É uma vitória, meus amigos. Uma pequena, mas significativa vitória.
A próxima semana, meus caros, estamos juntos. Quase com certeza. E já que estamos numa de partilhar segredos e bastidores, se gostaram deste episódio e acham que esta história merece ser contada, partilhem-na com os vossos amigos, familiares, vizinhos, com o vosso cão, com quem quiserem! E se querem ter acesso a conteúdos ainda mais exclusivos, aprofundar estas conversas e apoiar o nosso trabalho, considerem subscrever a versão paga da newsletter. É a vossa forma de nos ajudar a continuar a desvendar os bastidores do mundo e a trazer-vos histórias que importam. Até para a semana!